CRÍTICAS

9 Mentiras sobre a Verdade toma de assalto o espectador pela presença ambígua da atriz Vanise Carneiro a rasgar o tecido ficcional do espetáculo logo que adentra o teatro. (...) Isso é possível porque Vanise, atenta, responde às reações mínimas da plateia dentro de uma margem de improviso que lhe permite valorizar o momento presente daquela apresentação e desmontar condicionamentos cristalizados de recepção teatral associados à representação, conquistando uma distinta qualidade de escuta do espectador. Desse modo, a encenação dirigida por Gilson Vargas prepara uma zona de convívio e subjetividade na qual pode se assentar a dramaturgia fragmentária de Diones Camargo, construída como um fluxo de pensamento regulado pela autoimagem de Lara, a protagonista do monólogo, e pela imagem que ela pretende passar aos outros.(...) O texto tem a sutileza de tratar de memória e perda por vias indiretas que se servem de procedimentos metalingüísticos, tecendo camadas de realidade, ilusão e jogo representacional, à semelhança do que o dramaturgo canadense Daniel McIvor tem feito em peças como “In on It” e “A Primeira Vista” (...) O aparato audiovisual do espetáculo evidencia recursos impossíveis na realidade diária: o corte, a luz capaz de mudar o cenário, a concretização do que se sonha. Vanise encontra um registro delicado de dissimulação da ansiedade, deixando escapar pelas frestas de seu discurso e de seus gestos a insegurança e o tormento interno da personagem. A figura construída de sua faceta pública somente sucumbe diante de um decisivo recurso ao real – o celular –, que desfaz sua trama de autoengano. (...) Enredada por suas mentiras, fruto do excesso de “lava” que carrega em si, Lara atinge pontos sensíveis de um imaginário de solidão feminino, que se atrita ao repertório cinematográfico das comédias e dramas romantizadores das relações passionais e familiares. Uma metáfora bela e pungente aumenta o peso de seu lamento e o universaliza para além do “monólogo de mulher”: a associação da solidão humana ao afastamento progressivo das partículas cósmicas, até a incomunicabilidade absoluta, o desencontro eterno. 

Luciana Ramagnolli, jornalista e crítica teatral, para o site FENTEPP - Festival Nacional de Teatro Presidente Prudente



"(...) 9 Mentiras Sobre a Verdade é um trabalho que prende a atenção e encanta pela qualidade geral e pelas particularidades que evidencia (...) a partir de um texto muito interessante de Diones Camargo, resultando numa encenação concebida pelo próprio autor, a atriz e o diretor Gilson Vargas. (...)  Vanise Carneiro desenvolve com convicção sua personagem, contando com uma boa iluminação de Fernando Ochôa, que marca as diferentes transições de clima e de situações (...) A direção de Gilson Vargas é absolutamente segura e encontra boa resposta na interpretação da atriz. (...) Contemporâneo e oportuno, 9 mentiras sobre a verdade é uma boa reflexão sobre a experiência da fragmentação da vida e das emoções com que a pós-modernidade nos desafia."

Antônio Hohlfeltd, crítico teatral, no Jornal do Comércio



"Para tantos universos femininos que o teatro vasculha desde sempre, buscando traduzir, por exemplo, as páginas de uma Clarice Lispector ou de uma Hilda Hilst, fontes altaneiras, o monólogo 9 Mentiras Sobre a Verdade arranja-se bem nas inversões de expectativas. É teatro apropriando-se sutilmente da linguagem do cinema não para narrar em projeções, mas configurar imagens que as palavras dizem ou que os poucos adereços e objetos vintage deixam entrever no palco. (...) Está nas mãos da atriz que faz a atriz (e seus desdobramentos) conquistar a cumplicidade do público. E ela o faz sem ser pegajosa. Leva o espectador para dentro das histórias. (...) Vanise Carneiro conduz sua Lara com lavas da objetividade na voz e nas marcações lúdicas. Domina bem o sentido de presença com ares performativos – aquilo que é e aquilo que parece ser, convidando o público para a mesma gangorra."

Valmir Santos, crítico e jornalista, no blog Teatrojornal



Gostei bastante do espetáculo por sua limpeza e minimalismo. O texto de Diones Camargo é intrigante e complexo. A fusão que ele faz de cinema, teatro e psicologia exige do espectador uma cumplicidade atenta e sem tréguas. Daí, uma certa dificuldade que a platéia experimenta na 'leitura' do espetáculo. Seguramente, tal não ocorre na simples leitura da obra (...)”

Ivo Bender, dramaturgo, escritor, professor e tradutor;



"Em aproximadamente uma hora, a atriz dá um show de interpretação vivendo Lara, uma mulher que busca ajuda em uma terapia de grupo onde se reúnem mentirosos compulsivos. (...) O texto nos faz refletir sobre as mentiras que contamos no dia a dia e naquelas que de tão bem contadas, acabam sendo uma verdade eterna. Ao final, as várias personagens (ou seriam personalidades?) se afloram em Lara, mostrando a versatilidade da atriz em mudar rapidamente de papel. Um show de interpretação. Gostei muito."

Noel B., no blog Um Dia Após o Outro



9 Mentiras Sobre a Verdade faz eco com inúmeras questões contemporâneas...  fala mais no que esconde do que naquilo que deixa revelar, sem ser apoteótico ou alarmante, mas sutil como se fosse um leve falar verdades ao ouvido e esperar que reverbere conforme a necessidade de cada ouvinte espectador.”

Hermes Bernardi Jr., escritor e dramaturgo;



"(...) O trabalho cênico a que se assiste é excepcional. Diones Camargo, mais uma vez, oferece ao teatro a sua literatura cheia de imagens, de profundidade, de força, de vínculos. Já é lugar comum dizer que ele, também autor de Teresa e o aquário, Parque de diversões e Peru, NY, é o dramaturgo gaúcho mais importante da atualidade.(...) Vanise Carneiro surpreende todos aqueles que sempre a viram em papeis coadjuvantes, protagonizando majestosamente de forma bela e competente uma história cheia de personagens, de nuances, de lugares, de tempos e, sobretudo, de potências significativas nenhum um pouco enrijecidas. Sozinha em cena, sua força de grande atriz que mostra ser empurra a barreira da denegação por cima do público. Cada vez mais, nosso olhar, assim, se prende aos gestos, a sua palavra, as suas expressões. Ficamos dentro do mundo fictício ou, pelo menos, aparentemente. (...) Gilson Vargas, que assina a direção, atinge resultados bastante positivos: nada está desafinado em Nove Mentiras Sobre a Verdade."

Rodrigo Monteiro, crítico teatral, no blog Porto Alegre: Crítica Teatral



"(...) Um espetáculo íntegro e com revolta. (...) Vi uma limpeza no espetáculo que gostei bastante, em todos os sentidos (texto, atuação, direção e concepção de cena). Gostei bastante da Vanise, forte, corajosa e disponível. Uma dramaturgia que se destaca pela sua originalidade, madura e não travestida de conceitos. Parabéns!­"

Alexandre Vargas, ator, diretor, escritor, professor de teatro, co-fundador e integrante do grupo Falos&Stercos, e fundador do C.P.T.A - Centro de Pesquisa Teatral do Ator;



" 'Figurantes não falam' é uma nota mental de uma peça que assisti ontem que entra no universo de uma mentirosa compulsiva, que a cada mentira constrói para a platéia os seus dramas reais. A atriz é excelente. Não é uma peça pra rir. Eu achei dramática e inteligente. Nove Mentiras Sobre a Verdade."

Anônimo, no blog Saudades da Chibata



"Vanise Carneiro é uma das melhores atrizes gaúchas, das mais aplicadas e talentosas. (... ) Seu último trabalho, a peça  9 Mentiras Sobre a Verdade, se presta à perfeição como veículo dessa artista articulada, competente e generosa.”

Luciano Alabarse, diretor de teatro, coordenador geral do Porto Alegre Em Cena;



"Por que ver "9 MENTIRAS SOBRE A VERDADE"? Porque Diones Camargo mostra o porquê merece, mais uma vez, a alcunha de dramaturgo gaúcho mais cultuado dos últimos anos! Isso sem contar a atuação de Vanise Carneiro (Prêmio Açorianos de Teatro de Melhor Atriz 2010), muito bem, interpretando a atriz de cinema Lara.

Daniel Colin, ator e diretor, no blog Teatro Sarcáustico



"9 Mentiras Sobre a Verdade, um resultado que nos dá prazer em assistir e ver que o teatro pode e deve se valer do cinema, da literatura, da tecnologia mas, sobretudo, de todas as mentiras verdadeiras que possa nos dar o ator!”

Nelson Diniz, ator e diretor;



" (...) Nove Mentiras Sobre a Verdade, apresenta uma linguagem contemporânea, como opção estética um palco quase nu, traz à cena uma atriz madura e um texto rico, com possibilidades de infinitas leituras e significados. Em todo o conjunto da montagem podemos observar uma direção experiente, que, embora tenha feito uma escolha pautada bem mais no textocentrismo do que na fisicalidade, realiza reflexões bastante pertinentes ao modo de vida da mulher moderna, suas inquietações, receios e desejos. É um espetáculo que vale a pena ser assistido, reassistido pelo seu conteúdo, forma e abordagem escolhidos e utilizados."

Dagma Colomby, no site e-Cult.

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